A era das adaptações live-action segue a todo vapor em Hollywood, mas junto dela cresce também a desconfiança dos fãs. Muitos remakes, mesmo com orçamento alto, parecem vazios ou sem alma. E quando a Universal anunciou o live-action de Como Treinar o Seu Dragão, o receio era claro: por que refilmar uma história que ainda pulsa forte na memória coletiva?
Lançado oficialmente em 13 de junho de 2025, o novo filme surpreende por não tentar reinventar, mas sim reviver, com respeito e sensibilidade, tudo o que tornou o original tão especial.
O longa é dirigido por Dean DeBlois, o mesmo responsável pela trilogia animada da DreamWorks. E isso faz toda a diferença: sua condução não se perde em firulas ou tentativas de modernizar à força o que já funciona.
Ao invés disso, ele entrega um filme visualmente encantador, emocionalmente maduro e com uma fidelidade que não soa rígida, mas carinhosa.
O filme mantém a estrutura original: Soluço, um jovem viking deslocado, conhece e salva Banguela, um dos dragões mais temidos. A partir disso, nasce uma amizade improvável que desafia a tradição de sua vila, onde dragões são vistos como inimigos mortais.
No live-action, Mason Thames entrega um Soluço carismático e vulnerável. Ao seu lado, Nico Parker (The Last of Us) transforma Astrid em uma personagem mais densa, com motivações próprias e emocionalmente acessível.
Gerard Butler retorna como Stoico, o pai de Soluço, com uma performance que mistura dureza e afeto — um dos grandes trunfos emocionais do filme. A relação entre pai e filho, aliás, ganha ainda mais espaço e camadas nesta versão.
O visual é um espetáculo à parte. A produção mescla locações reais com efeitos visuais equilibrados, sem cair no realismo exagerado de outros remakes como O Rei Leão (2019). A vila de Berk ganha vida com texturas, cores e atmosfera que reforçam o lado mágico da franquia.
Banguela é uma criação brilhante: expressivo, com gestos felinos e olhar doce. Cenas como o primeiro toque entre ele e Soluço voltam com força renovada, agora encenadas por atores reais — e funcionam lindamente.
A trilha sonora original de John Powell retorna com novos arranjos, reforçando os momentos mais emocionantes com nostalgia e sofisticação.
Diferente de muitos remakes que se perdem tentando replicar quadro a quadro suas animações, “Como Treinar o Seu Dragão” live-action entende que fidelidade também exige sensibilidade.
O roteiro se permite aprofundar relações, como a de Astrid com Soluço, ou dar mais tempo de tela para coadjuvantes como Melequento e Perna-de-Peixe. Mas mesmo com essas camadas extras, o filme evita exageros e respeita o tom do original.
Há, sim, momentos de déjà vu — falas copiadas palavra por palavra — que podem parecer seguros demais. Mas o cuidado com cada quadro e a entrega emocional do elenco compensam a falta de ousadia.
O live-action de “Como Treinar o Seu Dragão” é um raro caso de adaptação que entende seu legado e o trata com respeito. Não tenta provar que é melhor. Apenas mostra que ainda vale a pena voltar a voar com Banguela.
Funciona como reencontro para quem ama a trilogia original e como ótima porta de entrada para uma nova geração. Se a nostalgia é o combustível, o capricho é a bússola. E, nesse voo, o destino vale cada minuto.
CinemaScore: A
Rotten Tomatoes: 77% de aprovação da crítica especializada
Público: nota média de 4,6/5 em sites agregadores
Orçamento: US$ 150 milhões
Bilheteria mundial até o momento: entre US$ 175 e 185 milhões
Bilheteria no Brasil e Índia (dia 1):
Índia: R$ 4,88 crores (~US$ 600 mil)
Brasil: números ainda não divulgados, mas com sessões esgotadas em várias capitais